O ANTIGO TESTAMENTO NA HISTÓRIA KERYGMÁTICA DA IGREJA.
João Ricardo Ferreira de França.*
RESUMO:
O presente trabalho visa apresentar, de forma lacônica, a temática do uso do Antigo Testamento na pregação da igreja de hoje. Este estudo se faz necessário visto que em nossos dias a pregação veterotestamentária não tem encontrado espaço no púlpito de nossos dias, e por vezes, quando se faz presente assume um caráter alegórico que não condiz com a realidade da revelação. Na presente avaliação vislumbramos a temática do Antigo Testamento no kerigma da igreja desde o Novo Testamento até os dias atuais. Focalizando o uso que é feito do texto veterotestametário ao longo dos séculos, revelando assim, que a história da Igreja e da Pregação sempre valorizou o Antigo Testamento como suficiente para comunicar a mensagem redentiva aos homens.
PALAVRAS-CHAVES: Antigo Testamento; Pregação. Kerigma.
INTRODUÇÃO:
Dentro de nossa discussão sobre esta temática torna-se necessário uma caminhada histórica para compreendermos a problemática concernente ao texto do Antigo Testamento. Na verdade precisamos entender como a Igreja ao longo de sua história usou o Antigo Testamento no que concerne ao púlpito e à defesa do Evangelho.
Quando nos inclinamos para uma análise do Antigo Testamento como elemento textual para a prédica é percebido que os primeiros cristãos “nos mostram o quanto o Antigo Testamento foi largamente citado, seja por questões doutrinárias ou por questões apologéticas.”[1].
A história da Igreja é uma testemunha singular da importância e da relevância do Antigo Testamento para a pregação da Igreja cristã. Sem a pregação da Palavra, tendo por base e fundamento o Antigo Testamento, não haveria Igreja verdadeiramente cristã.
No Novo Testamento nós percebemos uma visão muito nítida das Escrituras veterotestamentárias. Isto pode ser notado quando Cristo usa as Escrituras do Antigo Testamento para fundamentar algum argumento que levantara; era notória a expressão de Cristo “Está escrito.” esta palavra no grego descreve a crença na infalibilidade de todo o Antigo Testamento, e não apenas isto, mas o termo de também descreve a normatividade do texto veterotestamentário para a vida da Igreja.
O termo grego empregado é o verbo “ge,graptai” que ocorre no Novo Testamento 67 vezes isto nos indica algo que era de “uso tão comum” e “indiscutível a autoridade que, no seu conflito mais vibrante, Jesus não precisou de outra arma além da palavra: “Está Escrito!”(Mt. 4.4,7; Lc. 4.4,8; 24.26). Isto leva a uma consideração de que “recebemos o Velho Testamento baseados na autoridade de Cristo”[2]. Este verbo encontra-se no modo indicativo, indicando a certeza de fato; ou seja, aquela autoridade conferida ao texto do Antigo Testamento permanece inalterada. Gerhard Kittel explica que o NT ao fazer uso deste verbo “não denota meramente o apelo à Lei Grega para a autoridade inexpugnável da Lei, mas também a solidez do argumento do que está escrito igualmente para Israel no absoluto sentido religioso e também no judicial”[3]
Isto implica que a concepção de Cristo sobre o Antigo Testamento era que esta parte das Escrituras é Palavra infalível de Deus destinada para a edificação dos crentes em Cristo. Sendo assim, é suficiente e eficaz para suprir as necessidades do púlpito contemporâneo.
Há 32 referências diretas e indiretas ao AT em Marcos, desde citações para provar que o que estava acontecendo era cumprimento profético (1.2, 11; 4.11, 12; 9. 12; 12. 10-12; 14.21, 24, 49, etc.) como citações apenas histórica ou apologética (2. 23-28; 7. 6, 10; 10. 2-12, 19; 12. 18 – 27; 13. 14; 14. 12, etc). Em cada um dos quatro evangelhos a intenção ao evocar “está escrito” é a mesma.[4]
Na visão de Cristo o Antigo Testamento não deveria ser tirado de foco, pois, tudo o que o texto veterotestamentário anunciava estava se cumprindo no Filho de Deus de forma singular, ou como coloca Philip Yancey quando diz que o
Antigo Testamento era a Bíblia que Jesus lia. O Senhor achou no Antigo Testamento cada fato importante sobre si mesmo e sua missão. Citava suas páginas para resolver controvérsias com os oponentes, como os fariseus, saduceus e o próprio Satanás. As figuras – cordeiro de Deus, pastor, sinal de Jonas, a pedra que os construtores rejeitaram – que Jesus usou para definir a sim mesmo vinha diretamente das páginas do Antigo Testamento (...). Quando lemos o Antigo Testamento, estamos lendo a Bíblia que Jesus lia e usava. Trata-se das orações que Jesus fazia, dos poemas que memorizava, dos cânticos que entoava, das histórias de ninar que ouvia quando criança, das profecias sobre as quais refletia. E reverenciava cada ‘jota ou [...] til ’ da Bíblia hebraica. Quanto mais entendermos o Antigo Testamento, mais entenderemos Jesus.[5]
A luz que almejamos não vem de nosso tempo, mas do texto antigo é por isso devemos estar atentos as palavras de A.G.Hebert: “De fato, não existe possibilidade de elucidar quem Jesus foi, e qual foi o significado de Sua pregação e tudo mencionado sobre Sua morte e ressurreição, e qual foi a verdadeira condição da comunidade cristã, separado do Antigo Testamento (1947, p. 200).”[6]
Diante disso podemos dizer que o que “se pode perceber que a autoridade do AT exposta por Cristo Jesus estava baseada, embora de forma incipiente , na doutrina da inspiração. Ao citar o Salmo Jesus disse: “o próprio Davi disse pelo Espírito Santo”(Mc 12. 36).”[7]
É absolutamente evidente que Jesus considerava o Velho Testamento como plenamente inspirado. Ele cita-o como tal e baseou nele o Seu ensino. Uma das Suas afirmações mais claras a este respeito, encontra-se em João 10.35, onde, numa controvérsia como os judeus, a Sua defesa toma a forma de apelo às Escrituras e, depois de citar uma declaração, Ele acrescenta as significativas palavras: “E a Escritura não pode ser anulada”[...] E a palavra que se traduz por “anulada” é a que se usava para a transgressão do Sábado, ou da Lei e que significa negar, ou resistir a autoridade.[8]
No texto grego nós temos a palavra “luqh/nai” (lythênai) é um verbo no infinitivo aoristo e o sentido é de quebrar, colocar de lado, abolir, destituir de poder. O que Jesus está ensinando a respeito do Antigo Testamento? Está nos dizendo que o Antigo Pacto é inspirado e infalível; em toda e qualquer questão que a ele se apela para se resolver qualquer controvérsia. (Veja-se a Confissão de Fé de Westminster, Capítulo 1 Seção 8.)
Estamos precisando hoje de uma experiência inversa à do caminho de Emaús. Os discípulos conheciam Moisés e os Profetas, mas não conseguiam imaginar em que se relacionavam com Jesus, o Cristo. A igreja de nossos dias conhece Jesus, o Cristo, mas está rapidamente perdendo todo o contato com Moisés e os Profetas.[9]
Os apóstolos também nos apresentam uma visão muito coerente do Antigo Testamento. É digno de nota que o “Cristianismo primitivo aceitou sem problema a autoridade e valor das Escrituras do Antigo Testamento em suas experiências religiosas”.[10]
Mateus foi um dos que mais usou o Antigo Testamento para fundamentar todo o seu ensino sobre o reino messiânico apresentado e inaugurado por Cristo Jesus, o uso de literatura hebraica e construções singulares da língua hebraica são marcantes neste Evangelho ele tem um “impulso natural para o paralelismo hebraico”.[11] Nós podemos contemplar isso de forma muito clara neste Evangelho (Mt 1. 1 – 17; cf. Gn 5. 1; 10. 1; 11. 10; ICr 1. 29, etc).
Marcos principia seu relato com uma declaração teológica: “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”(Mc 1. 1) e em seguida evoca duas citações: uma de Malaquias 3. 1 e outra de Is 40. 3. Ambas as passagens são identificadas com a missão de João Batista que, para Marcos, não era um simples acontecimento, como fica demonstrado pelo advérbio Kaqw.j (Kathos) (conforme – Mc 1. 2 - ARA).[12]
O evangelista Lucas também citou o Antigo Testamento para fundamentar suas exposições teológicas, e assim, vemos que os apóstolos usavam o Antigo Testamento como fonte autoritativa, mas também como a principal fonte de exposição teológica. O sermão de Pedro, em Atos 2, aponta para a realidade de que o Antigo Testamento era o texto fundamental para a pregação dos primeiros cristãos. O sermão de Estevão (em Atos 7 a 8.1) aponta para o conhecimento e o uso do Antigo Testamento de forma singular. No uso do texto de Joel para se explicar o evento de Pentecostes. Fica notório que a Igreja estava ali valorizando o Antigo Testamento como autoritativo na vida da Igreja.
O apóstolo João é um dos evangelistas que mais cita o Pacto Antigo; pois, ao abrirmos a primeira página já o temos exposto diante de nós.
A importância das Escrituras Antigas para João pode ser vista desde o prólogo onde João apresenta o início do ministério de Jesus não no nascimento virginal, mas “no princípio...” (Jo 1. 1; cf. Gn 1.1). “No princípio” indicaria o Lógos (O Verbo) como a Palavra criadora de Deus (cf. Prov. 8. 22). Mas Tasker afirma que não apenas no prólogo, mas também nos festivais judaicos e em particular na sua apresentação da história da paixão (1963, p. 54). Em cada uma destas apresentações a forma mais indicativa do uso veterotestamentário por João está em sua relação tipológico-temático, isto é, os temas do Antigo Testamento são tipos e temas que se cumprem em Jesus Cristo e os “eventos crísticos” em sua época eram “para que se cumprisse as Escrituras” (Jo 19. 36).[13]
Na construção da Teologia Paulina percebemos a importância fundamental do Antigo Testamento; pois, não existe uma epístola de Paulo (com exceção da epístola escrita a Filemon) na qual o argumento fundamental não esteja atrelado, inserido e baseado no Antigo Testamento, os discursos ou pregações do apóstolo são fundamentadas no Texto Hebraico (sabemos que em algumas cartas ele usou a Septuaginta) de forma gritante.
A carta de Paulo aos Romanos tem uma gama de citações do Antigo Testamento que corrobora para a compreensão de que o apóstolo sustentava a validade do Antigo Testamento na vida da Igreja Cristã. Isto não era por causa de influências judaizantes na mente Paulina, como alguns tencionam argumentar, mas por pura crença de que aquele documento antigo era de fato a Palavra infalível de Deus, e assim, digna de ocupar o púlpito da Igreja Cristã.
No capítulo primeiro de Romanos, Paulo discute sobre a justiça divina manifestada pelo evangelho, mas para fundamentar a sua tese, no versículo 17, insere o conceito instrumental de fé para a manifestação desta justiça redentiva do evangelho: “o justo viverá pela fé”. A questão é: De onde Paulo extraiu tal conceito? A resposta está no Antigo Testamento, pois, o apóstolo usa o texto de Habacuque 2.4 – “Eis que a sua alma está orgulhosa, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.”. Esta doutrina não foi fundada nos conceitos de Paulo, mas estava sendo confirmada pelo uso que o apóstolo faz do Antigo Testamento, pois, a “citação de Habacuque 2.4 tem o propósito de confirmar a verdade utilizando o Antigo Testamento”.[14]
Na argumentação Paulina a respeito do uso do Antigo Testamento uma verdade fica evidente para nós; é que “o apóstolo estava tão convicto [..] das grandes verdades do evangelho que necessitava utilizar uma passagem do Antigo Testamento em apoio à sua afirmativa”.[15]
No entendimento Paulino as Escrituras do Antigo Testamento era o fundamento para a sua teologia e pregação. Não havia outro texto disponível para ele elaborar suas prédicas com autoridade absoluta e singular. Isto é confirmado por causa de sua “formação farisaica onde aprendeu o valor do AT e é isto que, segundo Herman Ridderbos (2004, p. 33, 52 – 54) e Leonhard Goppelt (2002, p. 302 – 310), faz do AT o fundamento do kerygma Paulino.”[16]
Os Pais da Igreja são considerados “os grandes teólogos da Igreja Antiga,[17] eram as testemunhas autorizadas da tradição eclesiástica. São, portanto, “os autores dos primeiros séculos cristãos universalmente invocados como testemunhas diretas ou indiretas da doutrina cristã ou da vida da igreja nessa época (séc. II a V a.C.)”[18]
Então, a Igreja deve usar a tradição apostólica para avaliar se algo deve ser visto como sendo uma determinada prática que sempre esteve presente ou não na vida da Igreja, em nosso caso, especificamente, buscar a confirmação da utilização do Antigo Testamento na pregação de sua época. Alguém poderia perguntar: Por que estudar os Pais da Igreja sobre esta questão? Pelo menos três razões são basilares para nós: “1) Por serem mais próximos da tradição apostólica; 2) Porque os pais nos ajudam a entendermos as nossas raízes teológicas; 3) Os Pais foram, antes de tudo, pastores e, como tais escreveram e viveram.”[19] Esta é concepção correta na qual devemos nos aproximar dos Pais Apostólicos. A Igreja estava entrando em uma nova esfera, e ainda assim, precisava manter-se firme, pois agora novas ideias estavam surgindo dentro da comunidade cristã. E uma destas concepções afetava efetivamente o entendimento sobre o lugar do Antigo Testamento dentro da Igreja Cristã.
Havia lugar para o Antigo Testamento dentro da Igreja que manifesta-se dentro da Nova Aliança de Deus? O primeiro ataque frontal ao texto antigo veio do Gnosticismo. Este foi o primeiro ataque que levou a Igreja defender-se. Isto porque surgia dentro do Cristianismo pós-apostólico, o problema de admitir ou rejeitar a “herança veterotestamentária”.[20]
A afirmação irrenunciável da unidade dos dois testamentos tornou-se assim o ato do nascimento da exegese cristã propriamente dita. A defesa desta mesma unidade, na multiplicidade das táticas exegéticas, estará também na origem da diversificação dos métodos, no interior de uma essencial unidade de fundo, na exegese cristã antiga ( GARGANO, 2000, p. 172 ).
Clemente de Roma (AD 100) ele chegou a desenvolver uma concepção um pouco reservada a respeito do Antigo Testamento. Mas em sua Carta aos Coríntios ele “invoca constantemente os exemplos e as virtudes do Antigo Testamento”[21].
Ainda existem gritantes exemplos de que Clemente apelou para o Antigo Testamento em diversos momentos, inclusive quando seguia a interpretação alegórica, ele diz “desta forma, tornavam claro que o sangue do Senhor resgataria todos aqueles que acreditam e esperam em Deus. Vede, caríssimos, que nessa mulher havia não só a fé , mas também a profecia”[22]
O segundo Pai da Igreja que nos chama atenção pelo uso do texto veterotestamentário é Justino, o Mártir. Ele viveu entre 100-165 d.C. é considerado um dos primeiros apologetas Cristãos, e graças a ele os cristãos “continuaram a usar o Antigo Testamento”[23]
E no dia Chamado Domingo, todos quantos moram nas cidades ou no interior reúnem-se juntos num só lugar, e são lidas as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas, por tanto tempo quanto Possível; depois, tendo terminado o leitor, o presidente instrui verbalmente, e exorta à imitação dessas coisas virtuosa s[...][24] (Apud, STOTT, 2003, p.19 – ênfase nossa)
A tarefa de Irineu foi de demonstrar e desenvolver as relações entre o AT e o NT (BARRERA, 1995, p. 629). Sua mais famosa obra é conhecida como Adversus Haeresis (Contra Heresias) e considerada uma ‘exposição convincente, simples e persuasiva da doutrina da Igreja, além de ser a única fonte atual para o conhecimento dos sistemas gnósticos e a teologia da Igreja dos Padres, do final do século II’ (FRAGIOTTI, 1995, p. 10). O Livro IV desta obra é dedicado a explanação da ‘Continuidade entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento’.[25]
Não é fácil aclarar o sentido do termo “Reforma”. Se for considerada apenas como um movimento religioso de criação de igrejas nacionais, seu período de duração vai de 1517 a 1648. Como, porém na Holanda só aderiu o protestantismo depois do Concílio de Trento, parece mais correto circunscrever a parte mais importante da Reforma aos anos de 1517 a 1545.[26]
O Humanismo, com sua volta ad fontes, foi um dos fatores para o estudo das Escrituras em sua língua original. Duas contribuições foram importantes para isso: primeiro, a elaboração de manuais das línguas clássicas (Hebraico, Grego e Latim), como por exemplo, a obra Rudimenta Linguae Hebraicae (1506) do hebraísta João Reuchlin; segundo, a impressão dos textos bíblicos nas línguas originais, como por exemplo, Os Salmos de Lefèvre d’Etaples (1509), a Poliglota Complutense do Cardeal Ximenes (1514 – 17), a Bíblia Rabínica de Daniel Bomberg (1516 – 17) e Segunda Bíblia Rabínica de Jacob ben Hayyim(1524 – 25)[27]
Portanto, palavra do evangelho e Escritura, evangelho e NT, lei e AT não são idênticos para Lutero; o AT abrange, antes, lei e evangelho. Mas também o NT ainda deve ser lido segundo o critério lei e evangelho, e nem tudo que está escrito nele é puro evangelho [...] A distinção dialética entre lei e evangelho é uma questão de princípio e é fundamental, a distinção entre Antigo e Novo Testamento como partes do cânone não o é. Em primeiro lugar, a diferença entre os testamentos é apenas de grau: o AT contém mais lei , o NT, mais evangelho. Em segundo lugar, a diferença é de caráter temporal: segundo a opinião de Lutero, o evangelho é promulgado no AT como promessas e profecia, no NT, porém, se anuncia o cumprimento.[28]
Este entendimento mostra-nos como o Antigo Testamento é importante para Lutero e para a sua teologia da unidade do Cânon.
Todavia, a exemplificação deste tema não fica somente aos pés de Lutero, mas é devidamente representada pelo grande João Calvino, este tinha uma profunda veneração, se assim podemos dizer, pelo Antigo Testamento. Era um hábil expositor do Antigo Testamento. E como ele fazia tal abordagem do Antigo Testamento? É bom que se diga que “Calvino foi um pregador mestre numa época em que o púlpito era o principal meio de comunicação para uma cultura inteira[29]”.[30] O reformador de Genebra, “seguindo o padrão que Zuínglio instituíra em Zurique, Calvino em geral pregava continuamente através dos livros da Bíblia. Seu método era pregar sobre o Novo Testamento aos domingos e sobre o Antigo Testamento nos dias úteis.”[31].
Nas suas exposições ele situava o texto dentro do seu contexto histórico, e alguns tem sustentando que Calvino fora um judaizante disfarçado de cristão, mas tal acusação ignora que o que o reformador genebrino estava seguindo era um método seguro para interpretação do texto, um exemplo clássico deste zelo expositivo é Ageu 2.7:
Isto permite duas explanações: a primeira é que todas as nações virão e trarão consigo todas as coisas que são preciosas, a fim de consagrar ao serviço de Deus, pois o hebreu chama o que quer que seja de um desejo valioso; assim, o que incluem sob este termo eles incluem toda riquezas, honras, satisfação e todas as coisas deste tipo [...] elas viriam com o que eles desejavam, isto é, as nações não viriam [de mãos] vazias, mas recolheriam todos os seus tesouros para um sacrifício santo a Deus [...] Mas nós podemos entender que ele diz de Cristo, ‘virá o desejado de todas as nações, e encherei esta casa de glória’ Nós realmente sabemos que Cristo foi a expectação de todo mundo, conforme o que é dito em Isaías. E isto pode ser corretamente dito, que quando o desejado de todas as nações virá, isto é, quando Cristo fosse manifestado, em quem os desejos de todos deveriam centralizar, a glória do Segundo Tempo então seria reconhecida; mas conforme imediatamente sucede, ‘minha é a prata, e meu é o ouro’, o significado mais simples é aquele que eu primeiro expressei – que as nações viriam, trariam consigo todas as suas riquezas, que eles poderiam ofertar a si mesmo e suas possessões como um sacrifício a Deus. É, então, melhor ler o que segue como uma explicação, ‘minha é a prata, meu é o ouro, disse o Senhor’[32]
Esta postura não é de nenhum judaizante, mas de alguém que se preocupa com a precisão da exposição bíblica. Esta posição do reformador sumariza o que ele pensa sobre o dever do Pastor. Calvino lembra que o que se requer não é que “... uma pessoa seja eminente no conhecimento profundo...” mas que este conhecimento seja acompanhado do talento para ensinar, que seja sábio no uso correto das Escrituras para a edificação do seu rebanho.[33]
O uso correto nas Escrituras exige que o Antigo Testamento seja lido e entendido dentro de seu contexto histórico.
Calvino tinha um entendimento de que há unidade singular entre o Antigo e o Novo Testamento. “A compreensão acima coloca Calvino como o maior intérprete das Escrituras, abordando o AT e o NT como um só livro, compreendendo o valor do AT em si mesmo, bem como em sua relação com o NT. Sua abordagem é histórica e pneumático-cristólogica.”.[34] Diante disso, podemos dizer que Calvino foi “de fato o exegeta por excelência da Reforma”.[35]. Este epíteto é aplicado a Calvino devido ao seu grande zelo e reverência para com toda a totalidade das Escrituras, ele mesmo diz:
As Escrituras dissipam a trevas da nossa mente tornando claras as noções confusas da divindade e dando-nos uma visão clara de Deus. E é um favor singular que Deus na instrução da Igreja usa não apenas mestres, mas abre também a sua boca sagrada[...] não somente ensina aos seus eleitos a elevar os olhos para a divindade, mas também se manifesta como objeto desta contemplação; devemos, pois, aprender das Escrituras o que Deus revelou aos patriarcas [...] É fora de dúvida que a esses patriarcas Deus se revelou numa persuasão, de modo que estavam convencidos de que a revelação que receberam veio de Deus. Para que os oráculos dos profetas servissem de instruções a todas as eras, Deus ordenou que fossem guardados e, assim, também a lei promulgada fosse reunida e os profetas fossem os seus intérpretes”[36]
Calvino pode de fato fazer suas exposições no texto do Antigo Testamento porque tinha essa grande reverência pelas Escrituras, não somente isso, mas também porque reconhecia os livros veteretestamentários dignos para a Igreja de Deus. “Na polêmica que manteve com Sebastião de Castélio, em que este negava a canonicidade de Cântico dos Cânticos”, Calvino continua sustentando que o texto é Palavra de Deus e digno de aceitação para a Igreja.[37]
A respeito de minha doutrina, ensinei fielmente e Deus me deu a graça de escrever. Fiz isso do modo mais fiel possível e nunca corrompi uma só passagem das Escrituras, nem conscientemente as distorci. Quando fui tentado a requintes, resisti à tentação e sempre estudei a simplicidade. Nunca escrevi nada com ódio de alguém, mas sempre coloquei fielmente diante de mim o que julguei ser a glória de Deus[38]
Calvino, ao decidir expor o Antigo Testamento, não o fazia para entreter o povo ou ser ovacionado, mas para fielmente ser um ministro da Palavra de Deus; como expositor bíblico era insuperável, a ponto de o seu opositor Jacob Armínio dizer: “Eu exorto aos estudantes que, depois das Sagradas Escrituras, leiam os comentários de Calvino, pois eu lhes digo que ele é incomparável na interpretação da Escritura”[39]
Calvino usa o Antigo Testamento de forma consciente, isto é, percebido quando ele demonstra o aspecto redentivo de Deus tanto no período veterotestamentário como no neotestamentário; pois, ele diz que “a vocação dos gentios é um admirável sinal ela qual se ver claramente a excelência do Novo Testamento sobre o Antigo”. Tal promessa “foi anunciada em numerosos e evidentes oráculos dos profetas”[40]
Como Calvino foi capaz de produzir tanto no que tange ao seu entendimento do texto do Antigo Testamento? Talvez a resposta esteja no fato de seu treinamento e perícia nas línguas bíblicas: Calvino sempre estava “recorrendo a seu excelente conhecimento de grego e hebraico e a seu profundo treinamento na filosofia humanista [...] é bom que se diga que: “Os comentários de Calvino e seus sermões-conferências sobre o Antigo Testamento preenchem 45 volumes na tradução Inglesa do século XIX.”; o trabalho de expositor de Calvino tem raízes fincadas na exegese, pois, todo o seu trabalho “é marcado pela modéstia. “Seu objetivo era penetrar na mente do autor tão concisa e claramente quanto possível, evitando demonstrações profusas de erudição e digressões em assuntos secundários.”[41]
Isto significa que Calvino tinha todas as explicações para cada passagem que lia das Escrituras? A resposta é negativa, pois, ele mesmo reconhece sua debilidade em explicar tudo, tal verdade pode ser percebido quando ele está expondo Atos 1, no que se refere a Segunda vinda de Cristo, Calvino diz: “É melhor deixar intocado o que eu não consigo explicar”.[42]
Este exemplo é um consolo para os expositores das Sagradas Letras, pois, não propomos neste trabalho que o expositor do Antigo Testamento tenha a obrigação de explicar todo texto, mas que eles tem de pregar todo o “conselho de Deus” e reconhecendo suas limitações quanto a esta laboriosa tarefa. Assim como fez o mestre de Genebra devemos fazer, isto é, sermos expositores do texto sagrado sem distorcê-lo, mas reconhecendo nossas limitações para compreender alguns destes textos.
4. O Antigo Testamento na Pós-Reforma.
No século XIX o Antigo Testamento foi solapado de diversas formas. Muitos eruditos começaram a questionar a validade do Antigo Testamento. Alguém já disse que é:
Muito difícil descobrir com precisão quando apareceu a primeira crítica hostil contra a Bíblia. Naturalmente, todo pecado é uma crítica contra a Bíblia, é uma manifestação do desejo de ser mais sábio que tudo o que Deus ordenou. Porém, o primeiro descontentamento consciente para com o Antigo Testamento provavelmente apareceu na cidade egípcia de Alexandria [...] Clemente de Alexandria cita um tal de Aristóbulo, um peripatético, que ensinava que a filosofia judia era mais que a grega e que Platão havia obtido suas ideias da Lei mosaica [...] depois menciona-se um tal de Dositeo, o samaritano que rejeitou os profetas apoiando-se na crença de que eles não haviam falado sob a inspiração do Espírito Santo [...] No Indiculus de Haeresibus, menciona-se um grupo chamado Meristae, dos quais se diz que dividam as Escrituras e não acreditavam em todos os profetas[43]
Mas é no século XIX que surge o Criticismo Bíblico com várias hipóteses, mas a predominante destas é a teoria dos “vários documentos” conhecida como Hipótese Documentária. A proposta desta teoria valia-se de que havia vários autores para o documento – o Pentateuco em primeiro plano – negava-se a autoria de Moisés dos cinco primeiros livros da Bíblia.
Esta foi a forma como a Alta Crítica começou com Jean Astruc ( ca. 1750). Astruc estudou cuidadosamente o livro de Gênesis e observou que os nomes de Deus eram usados em contextos determinados, tais como: Elohim em Gn. 1:1-2:4; Javé Elohim ou Gn. 2:5 - 3:24) e Javé em Gn. 4:1-16. Não somente os nomes, mas também outros fatores como: repetições de histórias, semelhança de temas, etc, deram, a base para Astruc postular duas fontes que teriam sido usadas por Moisés, para compilar o livro de Gênesis. Astruc não defendeu nem negou a autoria de Moisés. Essa questão não era importante para ele. Ele nos deu a primeira divisão crítica do Pentateuco, sob a sigla JE. J representando o material Javista, isto é, o que tinha o nome de Javé, reiteradamente; e, E representando o Eloísta, isto é, o material que trazia o nome Elohim.[44]
As fontes revelam o desenvolvimento teológico. Por exemplo, o javista (J) apresenta Deus se revelando pessoalmente aos patriarcas. O eloísta (E) retira Deus do mundo do homem, cujo contato é feito através de anjos e sonhos. O Sacerdotal (P) tem um estilo característico, é preciso nos detalhes do culto, minucioso em matéria de rituais. O Deuteronomista (D) é rico em linguagem pactual.[45]
Pode-se, segundo Hague, atribuir o surgimento do movimento moderno da Alta Crítica a Spinoza (1632-1677), filósofo racionalista, judeu de Amsterdã (HAGUE, 2002). Em seu Tratactus Teologico-Politicus , “defende a liberdade de pensamento e o direito de criticar livremente a Bíblia” (MESSER, 196-? p.259). Ali ele ousadamente combate a data aceita do Pentateuco, atribuído a Moisés, e atribui a origem a Esdras ou algum outro escritor posterior (HAGUE, 2002), alegando a diferença pronominal entre a 3.ª pessoa (ele) e a 1.ª pessoa (eu), bem como o registro da morte de Moisés em Deuteronômio 34 (ARCHER, 2000, p. 465). Nas palavras de Hague (2002): “Spinoza foi realmente o mentor do movimento”[46].
Mas tal teoria mostrou-se inconsistente e foi totalmente rejeitada pelos eruditos conservadores, e hoje é plenamente descartada. Por que ela foi rejeitada? Porque todos os críticos antes de Wellhausen e Keunen, ou seja, todos até Karl H. Graf, aceitavam que o documento javista (J) era mais recente que o Eloísta (E), mas Wellhausen acreditava que o javista era mais velho que o Eloísta[47] (ARCHER, 2000, p. 476). Quem está certo?
O próprio sistema de datação das fontes que compunha a hipótese documentária era falho e contraditório, isso gerou um profundo descrédito para com a teoria. Outra questão é que tais eruditos, quando se basearam, na questão de nomes distintos nos relato da criação, ignoraram a questão do estilo literário dos autores. Archer nos diz algo interessante sobre isso:
A capacidade de empregar mais do que um nome para Deus; mais do que um só estilo de escrita (...); mais do que um entre vários sinônimos da mesma idéia; mais do que um tema típico ou círculo de interesse. Segundo esta teoria, um autor único como Rui Barbosa não poderia ter escrito pesquisa literárias, como Ensaio sobre Swift, reportagens vivas e cintilantes da atualidade da época, como em Cartas da Inglaterra, e ainda a grande obra de polemica religiosa, que é sua versão de ‘O Papa e o Concílio’.[48]
A exploração dos assuntos controversos e polêmicos levou a duas posições definidas: o gosto pelo academismo teológico, pelo tratamento exaustivo a problemas insolúveis, exemplificado nos volumes que foram publicados sobre quaisquer dos temas acima, como pura demonstração de erudição; e o abandono do VT para enfatizar a pregação simples do Evangelho. A idéia era pregar missões e não confusões. Resultou na posição de preferência pelo NT confirmando, dentro da Igreja, o neo-marcionismo refinado. Não a rejeição frontal mas, o não uso deliberado[49].
CONCLUSÃO:
* O autor é formado em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte (SPN); Está pós-graduando em Ciências da História da Religião com ênfase em docência do Ensino Superior pela Faculdade Evangélica do Piauí. Atualmente pastoreia a Igreja Presbiteriana em São Raimundo Nonato – PI.
[1] SOUZA, Gaspar de. A Relevância do Antigo Testamento para a Igreja Contemporânea. Recife: Seminário Presbiteriano do Norte, 2006. Monografia não publicada p. 19
[2] BOETTNER, Loirine. A Autoridade da Escritura. Portugal: Vida Nova, p.23-24 – sem data.
[3] KITTEL, Gehard(ed), Theological Dictionary of the New Testament: Grand Rapids: Eerdmans Publishing Company, vol. I, 1980, p. 745.
[4] SOUZA, Gaspar de. A Relevância do Antigo Testamento para a Igreja Contemporânea. Recife: Seminário Presbiteriano do Norte, 2006. Monografia não publicada p. 20.
[5] YANCEY, Philip. A Bíblia que Jesus Lia. São Paulo: Editora Vida, 2000, p. 24,25.
[6] Apud, SOUZA, Gaspar de. A Relevância do Antigo Testamento para a Igreja Contemporânea. Recife: Seminário Presbiteriano do Norte, 2006. Monografia não publicada, p.21
[7] Idem
[8] BOETTNER, Loirine. A Autoridade da Escritura. Portugal: Vida Nova, p.22 – sem data
[9][9] YANCEY, Philip. A Bíblia que Jesus Lia. São Paulo: Editora Vida, 2000, p. 25-26.
[10] DANA, H. E. Jesus’s Use of the Old Testament. In THE BIBLICAL REVIEW. vol. XVI (Jul. 1932), n. 3, p.227.
[11] ROBERTSON, A. T. A Grammar of the Greek New Testament in the Light of Historical Research. Nashville Broadman Press, 1934, p.119.
[12] SOUZA, Gaspar de. A Relevância do Antigo Testamento para a Igreja Contemporânea. Recife: Seminário Presbiteriano do Norte, 2006. Monografia não publicada, p.31
[13] Ibid, p.34
[14] MURRAY, John. Romanos, São Paulo: FIEL, 2003, p.62
[15] Idem.
[16] SOUZA, Gaspar de. A Relevância do Antigo Testamento para a Igreja Contemporânea. Recife: Seminário Presbiteriano do Norte, 2006. Monografia não publicada, p. 36.
[17] BENOIT, André, A Atualidade dos Pais da Igreja. São Paulo: ASTE, 1966, p.36
[18] Idem
[19] HALL, Christopher A. Lendo as Escrituras com os Pais da Igreja. Viçosa: Ultimato, 2000, p.56.
[20] BARRERA, Julio Trebolle. A Bíblia Judaica e A Bíblia Cristã – Introdução à História da Bíblia. Petrópolis – RJ: Editora Vozes, 1996,p.630.
[21] FRANGIOTTI, Roque in.: COLEÇÃO PATRÍSTICA. Padres Apostólicos. São Paulo: Paulus, 2.ª ed., 1995, p.625.
[22] CLEMENTE ROMANO. Clemente aos Coríntios in: COLEÇÃO PATRÍSTICA: Padres Apostólicos. São Paulo: Paulus, 2.ª ed., 1995, p. 32
[23] BARRERA, Julio Trebolle. A Bíblia Judaica e A Bíblia Cristã – Introdução à História da Bíblia. Petrópolis – RJ: Editora Vozes, 1996,p.46
[24] STOTT, John. Eu Creio na Pregação, Tradutor: Gordon Chown, São Paulo: Vida, 2003
[25] SOUZA, Gaspar de. A Relevância do Antigo Testamento para a Igreja Contemporânea. Recife: Seminário Presbiteriano do Norte, 2006. Monografia não publicada, p.49.
[26] CARINS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos – Uma História da Igreja Cristã, Tradução: Israel Belo Azevedo e Valdemar Kraker, São Paulo: Vida Nova, 2008, p.250-251.
[27] SOUZA, Gaspar de. A Relevância do Antigo Testamento para a Igreja Contemporânea. Recife: Seminário Presbiteriano do Norte, 2006. Monografia não publicada, p.74.
[28] GUNNEWEG, Antonius H. Hermenêutica do Antigo Testamento. São Leopoldo – RS: Ed. Sinodal, 2003, p.50
[29] Esta declaração nos lembra as palavras simples, mas significativas de Herman Melville: “O púlpito conduz o mundo”, pois, é dali que a tempestade da Ira de Deus é avistada [...]; É apartir dali que o Deus das brisas é [...] primeiramente invocado [...] Sim, o mundo é um navio na sua viagem de partida, que não a viagem completa; e o púlpito é a sua proa (Apud, STTOT, 2001, p.36.)
[30]GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. São Paulo: Edições Vida Nova, 1994, p.187.
[31] Idem
[33] CALVINO, João. As Pastorais, Tradutor: Valter Graciliano Martins, São Paulo: Parakletos, 1998, p.87
[34] SMITH, Ralph L. Apud, SOUZA, Gaspar de. A Relevância do Antigo Testamento para a Igreja Contemporânea. Recife: Seminário Presbiteriano do Norte, 2006. Monografia não publicada, p.79
[35] COSTA, Herminsten Maia Pereira da. A Inspiração e Inerrância das Escrituras – Uma Perspectiva Reformada, São Paulo: Cultura Cristã,1998, p.123
[36] FERREIRA, Wilson Castro. Calvino: Vida, Influência e Teologia. São Paulo: Luz Para o Caminho, 1985, p. 251.
[37] Ibid, p.253
[38] GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. São Paulo: Edições Vida Nova, 1994, p.245-246.
[39] HUNTER, A.M.The Teaching of Calvin, Londres: James Clarke, 1950, p.20
[40] Ibid,p.339.
[41] GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. São Paulo: Edições Vida Nova, 1994, p.187.
[42] Idem
[44] FREITAS, Humberto. A eclosão da Alta Crítica. In.: SEMINÁRIO PRESBITERIANO DO NORTE, Recife: 2001, p.2
[45] Idem
[46] SOUZA, Gaspar de. A Relevância do Antigo Testamento para a Igreja Contemporânea. Recife: Seminário Presbiteriano do Norte, 2006. Monografia não publicada, p.58
[47] ARCHER, Gleason. Merece Confiança o Antigo Testamento? São Paulo: Ed. Vida Nova, 2000, p.476.
[48] Ibid, p. 493-494
[49] FREITAS, Humberto. A eclosão da Alta Crítica. In: SEMINÁRIO PRESBITERIANO DO NORTE, Recife: 2001 p.2
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